A recente divulgação dos resultados nacionais de leitura e matemática revelou tendências desanimadoras sobre a recuperação da aprendizagem, com a principal manchete sendo: "Os alunos estão pior do que antes da pandemia".
Fatores por trás da queda no desempenho
Os motivos para essa queda são diversos, mas muitos professores afirmam que a principal razão para a falta de progresso dos alunos é que os pais não estão priorizando os estudos em casa.
Uma pesquisa realizada em janeiro pela plataforma de aprendizado online Study.com, com 700 professores do ensino fundamental e médio, mostrou que 46% dos docentes acreditam que a falta de prioridade dos pais na educação acadêmica é o principal motivo para o atraso de alguns alunos.
Os professores também destacaram os pais como peça-chave para impulsionar o progresso dos alunos: 87% disseram que aumentar o suporte às famílias teria o maior impacto na aprendizagem.
Dana Bryson, vice-presidente sênior de impacto social do Study.com, explica que os professores demonstram o desejo de envolver mais os pais no ensino de seus filhos.
"Minha principal conclusão não é que os professores achem que os pais são apáticos", diz Bryson. "Pelo contrário, eles acreditam que devemos fazer um trabalho melhor para garantir que todos os pais possam se envolver – não apenas os pais biológicos, mas também cuidadores de diferentes realidades".
Impacto desigual
Os resultados da Avaliação Nacional do Progresso Educacional (NAEP), também chamada de "boletim da nação", parecem estáveis à primeira vista. No entanto, quando os dados são analisados por etnia, renda e nível de proficiência em inglês, revelam disparidades preocupantes.
"A única razão pela qual a média subiu, do meu ponto de vista, é que os alunos com melhor desempenho avançaram ainda mais", diz Bryson. "Enquanto isso, muitos dos que já estavam na base – especialmente na leitura – pioraram, e os mais afetados foram os alunos de baixa renda".
Historicamente, estudantes hispânicos, negros e indígenas têm pontuações mais baixas que seus colegas brancos e asiáticos, com diferenças que chegam a 30 pontos, dependendo da disciplina e do ano escolar.
Na leitura do 4º ano, por exemplo, 47% dos alunos de baixa renda atingiram um nível básico de proficiência, enquanto entre os alunos de renda mais alta esse índice foi de 74%. Já na matemática, 88% dos estudantes de maior renda alcançaram o nível básico, enquanto apenas 65% dos alunos de baixa renda conseguiram o mesmo.
Bryson também destaca que as dificuldades dos pais podem impactar diretamente a aprendizagem dos filhos. Alguns podem não entender o conteúdo escolar porque não dominam o inglês, enquanto outros enfrentam barreiras tecnológicas.
Embora quase 70% dos professores pesquisados afirmem que ferramentas digitais ajudam os alunos a recuperar o atraso, Bryson lembra que os adultos latinos têm menos acesso a computadores em casa do que outros grupos.
"Sabemos que há uma lacuna no acesso, especialmente para as famílias", afirma. "Mesmo em distritos como Los Angeles Unified, que possuem um computador por aluno, isso não significa que os pais também tenham um ou saibam usá-lo".
Caminhos para a solução
O envolvimento dos pais é um fator comprovado para melhorar o desempenho dos alunos em leitura e matemática. No entanto, isso não significa que os pais precisam ajudar diretamente na lição de casa. Pesquisas indicam que, em alguns casos, a ajuda dos pais na matemática pode até prejudicar o desempenho dos filhos. O mais importante é motivar os estudantes, estabelecer expectativas elevadas e conectá-los a recursos escolares adequados.
Algumas escolas já buscam novas formas de engajar os pais. Um distrito em Illinois está testando um sistema que envia um resumo semanal do desempenho acadêmico e do comportamento dos alunos para as famílias.
Steven Barnett, cofundador do National Institute for Early Education Research, ficou decepcionado, mas não surpreso, com os resultados do NAEP – especialmente em leitura. Dados de sua organização mostram que a porcentagem de pais que leem para seus filhos ao menos três vezes por semana caiu 12% desde o início da pandemia.
"Acredito que essa falta de engajamento com a leitura afeta não apenas crianças de 3 e 4 anos, mas alunos de todas as idades", alerta Barnett. "O que me preocupa é que as próximas gerações terão ainda mais anos de exposição a esse cenário, o que pode levar a um desempenho ainda pior".
Barnett defende a expansão do ensino infantil de qualidade para melhorar os resultados acadêmicos. Ele ressalta que crianças que aprendem inglês como segunda língua se beneficiam especialmente de um ou dois anos extras de escolarização antes do pré-K.
"Um bom programa de educação infantil foca fortemente no desenvolvimento da linguagem oral", diz Barnett. "Há uma enorme diferença no vocabulário – especialmente no vocabulário acadêmico – entre crianças que frequentam uma pré-escola de qualidade e aquelas que não frequentam".
Enquanto Barnett enfatiza a importância dos fundamentos, Bryson e sua equipe exploram o uso da inteligência artificial para personalizar o aprendizado e ajudar alunos do ensino fundamental e médio a recuperar o atraso.
Entretanto, um dos primeiros desafios será desmistificar a ideia, especialmente entre latinos, de que usar IA para estudar é uma forma de trapaça.
"Se conseguirmos definir o uso adequado e encontrar as melhores estratégias de aprendizado, há uma grande oportunidade", afirma Bryson. "No entanto, será essencial desmistificar a IA, pois os grupos historicamente marginalizados continuarão ficando para trás se não compreenderem como utilizá-la ou se receberem a mensagem errada sobre seu uso".
Saiba mais em: https://www.edsurge.com/news/2025-02-13-teachers-say-parental-engagement-can-make-or-break-efforts-to-close-learning-gaps
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