A história é repetida por diferentes professores das redes pública e particular de ensino: adolescentes passam cada vez mais tempo na escola com celulares nas mãos, apostando, seja nas chamadas bets ou nos jogos de azar. O mais famoso deles, o “do tigrinho”.
Três professores de três escolas em três cidades diferentes de São Paulo relataram ao Porvir que se trata de uma cena que deixou de ser rara. Os docentes buscam alternativas para alertar os alunos quanto aos riscos.
“Já mostrei a eles como o mercado de apostas é desproporcional entre a empresa e o apostador. Os eventos que oferecem maior retorno financeiro para o apostador são aqueles com menor probabilidade de acontecer”, diz Deivide Nascimento, embaixador do Porvir, professor no colégio Marista Glória e na Universidade Estácio, ambos em São Paulo (SP), ao explicar a abordagem realizada nas aulas de matemática sobre estatística e probabilidade.
Ele exemplica: “Se houver um jogo de futebol entre Real Madrid e Bahia, é quase impossível o Bahia ganhar. Portanto, a odd (probabilidade) para quem apostar no Bahia vai oferecer muito dinheiro, mas a chance de isso acontecer é muito baixa. A pessoa aposta na esperança de ganhar esse dinheiro, mas a probabilidade é muito pequena.”
A combinação de idolatria, fácil acesso aos aplicativos de apostas pelo celular e desconhecimento sobre como tratar apostas como investimento deixa muitos adolescentes vulneráveis ao risco de perder dinheiro. Assim como acontece com qualquer produto financeiro — inclusive aqueles ofertados por grandes bancos —, um histórico de acertos no passado não garante ganhos futuros. A educação financeira e o debate honesto sobre o assunto são caminhos para a conscientização desses jovens, e não uma maneira de incentivá-los ao jogo. Inclusive, alguns professores ouvidos pela reportagem pediram para não ter a identidade revelada porque já identificaram alunos que estão viciados nas apostas.
Saiba mais em: https://porvir.org/bets-nas-escolas-o-papel-da-educacao-financeira-riscos/
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